dor.

Não chegava a ser medo, era uma relação de respeito bem fundamentada.
Quando ainda era um menino, Miranda recebeu educação eclesiástica em colégio de padre. Saiu logo depois de aprontar algumas poucas e boas. A idéia de enterrar as batinas dos padres e as vestimentas das madres em um fosso no terreno ao lado da escola fora uma pérola digna de expulsão, o que resultou na retirada do menino da instituição - mesmo que o pai achasse um grande erro.
Colocaram o guri em um colégio bilíngüe francês para que a educação enérgica ainda fosse mantida de alguma forma. Após meia dúzia de reguadas na mão, ele percebeu que afrontar o sistema não rendia muitas vantagens. Foi então que se tornou uma criança dissimulada e sonsa por adoção, metendo-se em menos encrencas e, de vez em quando, ainda ganhava alguns elogios por parte dos professores.
Essa primeira experiência do ginásio consolidou todo respeito que tinha em relação à igreja como instituição social. E diante daquela construção austera e imponente, cogitou mais uma vez a idéia de entrar e permanecer algum tempo lá dentro - já que o clima estava quente e o sol parecia não dar trégua naquele meio dia.
Subiu as escadas vagarosamente e lembrou das aulas de história na faculdade. Era uma verdadeira caça ao cristianismo. Os professores, céticos por natureza, subjugavam as conciliações e concessões da igreja para a morte de mais de 150 milhões de seres humanos na invasão luso-franco-espanhola na América Latina. O grande massacre do século XVI não chegou nem perto do número de mortos de todas as guerras que ocorreram nos últimos duzentos anos.
Lá dentro estava escuro. Se não fossem os raios de sol, que adentravam a capela através dos vitrais na lateral direita, estaria imerso em um breu nebuloso e assustador. As imagens dos santos e de Cristo pintados no teto eram maravilhosas, digna dos clássicos, o que fez Miranda abaixar a cabeça e pensar no verdadeiro sentido de tantas mortes, mentiras e sofrimento.
Imerso em pensamentos, ouviu gritos distantes e lacrimejou sem sentir...
Apostila INSS 2011
Não acredito no consórcio Itaú
6 Comments:
Hum...acho que aquela conversa de ontem te deu uma inspiração a mais,não?
Tá muito bom isso aqui.
Beijinhos de boa noite.
"[...]o que fez Miranda abaixar a cabeça e pensar no verdadeiro sentido de tantas mortes, mentiras e sofrimento."
Parece-me que eu e Miranda temos muito em comum.
Curiosíssima para o próximo capítulo.
É daquele campanha de vampiro que tu tava falando? Porra punk eahueauh
nao, adobe.
nao tem relaçao com aquela campanha nao.
na verdade com nenhuma.
é apenas um romance. :)
è Marina. aquela conversa ajudou sim.
Eu acredito que os posts - além de terem um caminhos determinados - são resultado da experiência empírica do dia-a-dia.
O Miranda é uma pessoa que muitos podem se identificar, sol.
Ele fica nessa corda bamba que muitos estão.
:)
Não sabia que você era bom assim.
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