molho.
Embora fizesse muito tempo que não fosse naquele lugar, Miranda sabia que havia um restaurante por perto. Desceu a rua da padaria - enquanto tirava a poeira do blazer - e dobrou a segunda à direita.
Logo na esquina avistou a casa verde clara de pintura impecável. "Genaro´s". Apalpou o bolso, retirou a carteira gasta de pano e contou o dinheiro na penumbra, entre o poste de luz e a caixa de correio branca. Percebeu que não tinha quase nada. Arrependeu-se de viver no ostracismo e lamentou o final da herança.
Olhou ao redor, viu uma pequena movimentação; olhou pra cima, viu o céu se fechando para ele, - Por que diabos as estrelas não brilhavam mais? Olhou o relógio de prata, e fez como se estivesse esperando alguém. Enquanto isso - naquela noite agradável- pessoas entravam com fome e saiam trazendo consigo satisfação e o cheiro delicioso de alho socado na panela, cebola, tomate... era o molho.
Até os dezessete esteve sempre presente nas reuniões dominicais na casa da avó - mãe de seu velho pai - que, assim como ele, morreu de câncer no fígado. Ainda quando menino, ficava ao lado da grande matriarca enquanto o almoço era preparado. Esperava sempre aquele descuido senil e, rapidamente, surrupiava algumas azeitonas que ainda não foram cortadas e voltava ao corre-corre com os primos.
De novo o relógio. Tic-tac. Mal tinha dinheiro pra comer... Pensou em pegar o coletivo e voltar pra casa. Ainda não! Alguma coisa ainda tinha que acontecer. Foi quando ouviu uma voz familiar indagar: - Professor?
Logo na esquina avistou a casa verde clara de pintura impecável. "Genaro´s". Apalpou o bolso, retirou a carteira gasta de pano e contou o dinheiro na penumbra, entre o poste de luz e a caixa de correio branca. Percebeu que não tinha quase nada. Arrependeu-se de viver no ostracismo e lamentou o final da herança.
Olhou ao redor, viu uma pequena movimentação; olhou pra cima, viu o céu se fechando para ele, - Por que diabos as estrelas não brilhavam mais? Olhou o relógio de prata, e fez como se estivesse esperando alguém. Enquanto isso - naquela noite agradável- pessoas entravam com fome e saiam trazendo consigo satisfação e o cheiro delicioso de alho socado na panela, cebola, tomate... era o molho.
Até os dezessete esteve sempre presente nas reuniões dominicais na casa da avó - mãe de seu velho pai - que, assim como ele, morreu de câncer no fígado. Ainda quando menino, ficava ao lado da grande matriarca enquanto o almoço era preparado. Esperava sempre aquele descuido senil e, rapidamente, surrupiava algumas azeitonas que ainda não foram cortadas e voltava ao corre-corre com os primos.
De novo o relógio. Tic-tac. Mal tinha dinheiro pra comer... Pensou em pegar o coletivo e voltar pra casa. Ainda não! Alguma coisa ainda tinha que acontecer. Foi quando ouviu uma voz familiar indagar: - Professor?
Não acredito no consórcio Itaú
4 Comments:
aha! então o miranda era professor, hmn... talvez de história ou quem sabe de francês?
e que herança é essa?
curiosa, curiosa.
esperando o próximo post
"Arrependeu-se de viver no ostracismo e lamentou o final da herança."
gostei mt dessa frase...
mistérios, sol. mistérios... :)
obrigado, bru. :)
uma vez ouvi dizer que a globo era ruim por sua obviedade. Gostei do post pois por uma simples frase você descobre que o miranda é um professor, sem precisar escrever e descrever isso como muitos fazem.
: ***
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