Friday, November 17, 2006

soçobrar.


Pegou o troco da mão esquerda do cobrador. Este, trajando uma camisa de manga comprida azul clara e calça social preta, olhou Miranda bem no centro de sua alma enquanto despejava as moedas do troco. Enquanto pegava o dinheiro, Miranda virou o rosto para a parte traseira do ônibus e ouviu polidamente um “bom dia”, o que o fez arrepiar dos pêlos da canela até o pescoço.

Sentou-se no último banco a fim de observar toda a movimentação, quem saia, quem entrava e quem permanecia no coletivo. Com as mãos entre os joelhos, Miranda olhava para todas as direções ao mesmo tempo enquanto exercia o ritual imprevisto de todas as vezes. Algumas gotas de suor já brotavam em sua testa, então, limpou-as com um lenço vermelho que carregava dentro do paletó.

Lá vinha ela novamente, a paranóia; síndrome do pânico; ou qualquer outra nomenclatura utilizada por entendidos - e desentendidos - da mente humana. Transpirava ofegante e o mundo gelava em uma estrutura glacial enevoada. Roçava as mãos em velocidades alternantes buscando uma calma que parecia vir do fogo paleolítico. A chama era a calma, aquecia o coração e mantinha sua mente no foco para o próximo ato.

Pensou na noite anterior, na carta de Armênia, no taxista que parecia ser “amigo demais” e das coisas que poderiam acontecer. – Se aquela maldita acha que eu vou assinar alguma coisa, ela está demasiadamente engana. Se depender de mim, ela vai continuar como e onde está. – balbuciava de olhos fechados, perdido em seu inconsciente.


Prepare-se com as apostilas para concurso da Nova Concursos


Afundou-se em pensamentos obscuros de postura ética duvidosa. Deixou a sombra nebulosa da maldade correr e esbarrar em sua práxis humanista incipiente e relevou qualquer ato solidário de amparo. Podia contar os grãos de areia da praia, que passava ao longe, de olhos fechados. Tirou tamanha confiança do outro lado do pólo. Aquele que ninguém acreditava que existisse.

Mal viu a jornada passar. Não soube se foram os vinte minutos tradicionais, ou trinta - por conta do trânsito - dentro daquela estrutura metálica movida a diesel. Mas o leve cheiro da maresia atentou-o e o fez levantar num salto inesperado - fazendo o jovem que estava ao lado se assustar com a ação repentina de Miranda - e tocou a sineta para descer e entrar, o mais rápido possível, no bistrô.

não acredito no consórcio Itaú

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

o miranda tem umas loucuras do nada em
heheh
ta ótimo
ainda quero saber oq a irmã dele queria em
beijos

Friday, 17 November, 2006  
Anonymous Anonymous said...

Armênia fazendo chantagem?
Você ainda mata seus leitores de curiosidade.

"ou qualquer outra nomenclatura utilizada por entendidos - e desentendidos - da mente humana. "
adoro seu jeitinho sarcástico, sério.

Friday, 17 November, 2006  

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